Sete perguntas sobre textos memorizados na
alfabetização.
Respostas às
dúvidas mais comuns sobre como e por que usar textos que as crianças sabem de
cor no ensino da leitura e da escrita
Beatriz Vichessi (novaescola@novaescola.org.br). Colaborou Ana Rita Martins
Interpretações
equivocadas sobre o uso de parlendas, cantigas de roda e outros textos que as
crianças sabem de cor na alfabetização ainda são comuns. Para responder às sete
dúvidas mais frequentes sobre o assunto, NOVA ESCOLA consultou a bibliografia
disponível sobre o tema e a especialista em alfabetização Telma Weisz.
1 Por que propor atividades de
leitura e de escrita?
"Elas
mobilizam saberes distintos e consequentemente ensinam coisas diferentes",
explica Telma. Para ler textos que sabem de cor, as crianças têm de fazer a
correspondência entre as partes do texto que já sabem com os trechos escritos,
descobrindo a relação entre fonema e grafia, conhecendo letras novas e como se
dá a segmentação das frases em pedaços menores e independentes, as palavras (leia a sequência didática). Já na situação de escrita,
precisam colocar em cena o nível do conhecimento do sistema alfabético e o que
já sabem a respeito da escrita convencional. Com base em tudo isso, fica claro
que ambas devem ser realizadas em sala e que uma não é pré-requisito para
outra.
2 Quais textos memorizados devo usar
para alfabetizar?
Qualquer
cantiga de roda, parlenda ou adivinha que os alunos apreciem. O importante é
que todos eles saibam o conteúdo de cor e mentalmente. O que define a
complexidade da atividade são as particularidades do material e as interações
do educador, responsável por criar boas situações de aprendizagem.
3 É interessante propor que escrevam
em quartetos?
Não.
O processo de interação entre as crianças é muito importante e, quando se
trabalha com muita gente reunida, ele não é satisfatório. Escrever a oito mãos
é difícil até para os adultos. É melhor organizar duplas, levando em conta as
hipóteses de escrita (pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética)
para que o trabalho seja realmente produtivo.
4 Na leitura, o que precisa ser
problematizado?
Encontrar
partes da totalidade ou do verso levando em conta o que os alunos já sabem. Não
se trata de caça-palavras, mas de uma situação que faz o grupo enfrentar
desafios a respeito da relação entre parte e todo. Por exemplo, perguntar onde
está escrito domingo em "Hoje é domingo,/ pede cachimbo". Para
responder, as crianças têm de fazer corresponder o falado com cada pedaço
escrito. Quer dizer, precisam localizar o verso e depois o que foi perguntado.
Têm de pensar como dividir o que falam para que encontrem a palavra no exato
lugar em que ela está.
5 E na de escrita? Quais são os
desafios?
As
crianças, para escrever, precisam pensar quais e quantas letras usar e em que
ordem colocá-las. Em fase de alfabetização, não é óbvio que tudo o que se fala
possa ser escrito na ordem em que é dito. Outros pontos interessantes para
explorar com eles são a escrita de artigos, monossílabos e palavras curtas, já
que isso vai contra a ideia que os alunos têm que para escrever são necessárias
no mínimo três letras.
6 A lista de nomes da turma pode
servir de apoio?
Para
atividades que tenham como foco a leitura, não. "Lê-se para escrever, mas
não para ler", diz Telma. Para localizar fragmentos do texto, os alunos
precisam pensar em como vão partir do falado para tal, o que vão considerar
como um pedaço para achar todos os pedaços. Não é necessário buscar pistas fora
do material: o problema é descobrir onde está escrito, não o que está escrito.
Para desafios que envolvem a escrita, sim: pesquisar em fontes externas o jeito
certo de escrever o fragmento que se quer é útil. Para escrever
"cachorrinho está latindo", se as crianças recorrem à lista de nomes
e encontram Camila e Karina, o professor tem uma situação para discutir.
7 É válido o grupo ditar para o
professor escrever?
Sim,
desde que ele atue como se só soubesse as letras, ou seja, não deve agir como
um escriba. Tem de ser simplesmente a mão que escreve o que os estudantes
ditam, incluindo aí os espaços entre as palavras. Porém é importante observar
que, se existirem alunos alfabéticos na sala, a atividade não funcionará.
Facilmente eles darão conta do desafio sozinhos, ditando letras ao educador que
os demais nem conhecem ainda.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
Psicopedagogia da Linguagem Escrita, Ana Teberosky, 151 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 29 reais
INTERNET
Texto Situações de Leitura na Alfabetização Inicial: A Continuidade na Diversidade, de Mirta Castedo.
Texto Lectura de un Texto que se Sabe de Memória, de Mirta Castedo (em espanhol).
Psicopedagogia da Linguagem Escrita, Ana Teberosky, 151 págs., Ed. Vozes, tel. (24) 2233-9000, 29 reais
INTERNET
Texto Situações de Leitura na Alfabetização Inicial: A Continuidade na Diversidade, de Mirta Castedo.
Texto Lectura de un Texto que se Sabe de Memória, de Mirta Castedo (em espanhol).
Fonte: Revista Nova Escola - clique no link
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