Adoecimento dos professores em sala de aula
Adoecimento dos professores em sala de aula
25/08/2015 ÀS 19:51 PM
Tem-se verificado no Brasil o
adoecimento de professores de todas as disciplinas, o que tem provocado
prejuízos para todos, como a desistência da profissão e com isso o aumento do
déficit de profissionais para atender a demanda. Uma das causas desse problema
é aumento constante da indisciplina dos alunos. E o pior é que nada vem sendo
feito pelo Estado via Ministério da Educação e muito menos pelas secretarias
estaduais de educação.
A profissão de professor é a mais
importante de todas. É ela que forma todos os outros profissionais. Desde o
mesmo professor ao médico, advogado, engenheiro, etc.
Mas, o que o governo brasileiro tem
feito nos últimos 20 anos? Nada em termos de melhorar a educação no país. Pelo
contrário, criam leis para amparar mais ainda a rebeldia de crianças e
adolescentes. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) protege ao
extremo, a ponto de muitos se apoiarem neste documento para cometerem mais
delitos. Ou seja, crianças com direitos, porém, sem deveres, colocando a
sociedade em estado de alerta pela preocupação que tem causado.
Foi tirado dos pais até mesmo o
direito de dar a necessária “palmadinha” para a devida correção. O que só tira
a responsabilidade dos próprios responsáveis de educar. Estamos formandos
jovens e adultos sem limites. E o reflexo está bem estampado: a indisciplina.
E como lecionar para alunos
indisciplinados, os quais já chegam à escola com esta característica? Paralelo
a esta situação há um outro fator preocupante: falta de reconhecimento pela
profissão, isto é, salários defasados, riscos de violência e sobrecarga de
trabalho (correção de provas e exercícios, planos de aula etc.).
Uma professora entrevistada pelo
programa Profissão Repórter afirmou que “hoje os adolescentes só conhecem os
seus direitos e ignoram ou desconhecem os seus deveres… São extremamente
irresponsáveis, mal- educados, sem limites, sem alma, sem valores… E não existe
uma lei que pudesse pará-los… Não existe uma punição se quer… É um verdadeiro
descaso. E o professor que poderia ajudar na construção de um mundo melhor,
está ficando extinto”.
O professor se dedica, prepara uma
senhora aula e se entusiasma para ministrá-la. Contudo, depara com um grupo que
não quer nada com nada. E os mesmos acabam contaminando os demais,
transformando a sala de aula um caos. A lei diz que não se pode reprovar, pois
se perde muito tempo com isso, desmotiva alunos e gera gastos para o Estado.
Este quadro desmotiva os professores. Não que eles desejam reprovar alunos.
Isso é questão de desrespeito e desvalorização da profissão que leva muitos
profissionais à desistência.
Quantos bons professores não mais
estão na sala de aula por conta deste quadro caótico? O quanto o país tem
perdido com isso? É preocupante o descaso das autoridades, que nada fazem.
Preferem aumentar seus salários.
É claro que é preciso rever alguns
pontos, por exemplo, os cursos de formação docente, que não formam, apenas
informam das licenciaturas. Sim, é preciso melhorar a didática, porém, não
basta ser eficiente. Segundo disse um professor entrevistado pelo programa
Profissão Repórter, “o professor pode fazer a aula show, se fantasiar de
palhaço, acenar bandeirinhas, que isso não faz o aluno sentir interesse pelo
aprendizado”. Este é um dos grandes problemas. O aluno não tem interesse, ainda
mais agora com a internet, os quais formam grupos e partem para a prática do
Bullying endereçado a outros alunos e mesmo para professores.
Outro professor entrevistado pelo
programa resumiu algumas (des)vantagens que é ser professor no Brasil,
principalmente na rede pública de ensino:
26. a) sofrer violência
física e moral gratuita; b) receber um salário de fome com direito a uma carga
horária abusiva; c) conviver com pais hostis, protetores e extremamente
permissivos que irão à escola somente para defenderem seus filhos das faltas
horrendas que cometerem, dizendo que se tratam apenas de crianças; d) sofrer
bullying proferidos pelos alunos; e) conviver com a falta de respeito por parte
de seus queridos discípulos; f) receber ticket de R$ 4,00, isso quando o
governo resolve pagar; g) Aceitar a progressão continuada, ou melhor, promoção
automática (onde o aluno passa de ano sem saber nada); h) conviver com
supervisores, diretores e coordenadores idiotas (pois sofrem “lavagem
cerebral”), que ferram com o professor com seus assédios morais; i) Aplicar
centenas de provas e trabalhos para corrigir nos finais de semana; j) Lecionar
em escolas sem condições mínimas de funcionamento, enquanto que o professor faz
greve, apanha da polícia hipócrita e é extremamente mal tratado pela mídia,
inclusive sendo responsabilizado pela decadência do ensino público; l) Realizar
concurso com provas ferradas. O professor que quiser aumentar seu salário
defasado há anos, terá que ser submetido a uma nova avaliação, priorizando
ainda, apenas 20% da categoria (será que o governador e os parlamentares
fizeram provinhas de promoção salarial por mérito para terem esse gordo aumento
nos vencimentos?); m) Aguentar classes lotadas de alunos; n) Saber que
parlamentares aumentam em 60% seus salários, perfazendo um total de R$
26.000,00 (enquanto um professor ganha aproximadamente menos de um salário e
meio base); o) Conviver com ausência total do poder de compra, o que não
deveria acontecer aos profissionais de nível superior; p) Inversão de valores e
intolerância por parte de uma sociedade psicologicamente doente, violenta e
hipócrita; q) Conviver com o stress, Síndrome de Burnout, humor irritadiço,
perda da memória, queimação estomacal (azia), ulcera, cânceres, derrames e
infartos por motivo da baixa autoestima, fator que ocasiona fragilidades na
defesa do sistema imunológico do mestre; r) Atrasar as contas de luz e água ou
ser despejado do imóvel por não conseguir pagar o aluguel, em suma, morarás em
um bairro paupérrimo, favela, de favores e assim por diante; s) Andarás a pé;
t) Terá que engolir, sem questionamentos, a inclusão, de uma maneira geral e
sem preparo algum; u) Ter que aguentar resoluções que partem para a caça as
bruxas e perseguem o professor que fica doente por motivo de exaustão e desgaste
total por advento das intempéries acima listadas; v) Terá que lançar mão das
soluções paliativas, para driblar a falta de dinheiro, como empréstimos
bancários e cartões de crédito (futuramente estourados); w) Desvalorização
social acentuada; x) Nome no SPC e no Serasa; y) Políticos que não vão dar a
mínima para suas reivindicações; z) Viverão no inferno ainda em vida!
Como resultado de tanto descaso,
indisciplina e desvalorização vem o adoecimento e a desistência da profissão. É
preciso fazer algo, pois se corre o risco de complicar mais ainda a já falta de
qualidade na educação brasileira. E a tendência é se formar jovens e adultos
sem limites, grossos, piorando o quadro desalentador já estabelecido.
(Marcos Antônio de Oliveir,
conselheiro municipal de Educação, pedagogo, historiador e teólogo)
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