Oi pessoal, hoje eu estava folheando a última revista Nova Escola junho/julho/2009 e na seção Pense Nisso parei para ler um artigo muito interessante de Luis Carlos Menezes, o artigo é um pouco extenso, mas vale a pena digitar para vocês terem o prazer de ler um ótimo texto que fala sobre a nossa profissão e também sobre sentimentos que às vezes nos assombram e que é tão comum à uma classe de trabalhadores que está tão exposta à convivência com o "Ser Humano". Pare um pouco, leia e reflita.
A palavra professor vem de "professar", que, além de lecionar, significa "declarar publicamente uma convicção ou um compromisso de conduta", como a de uma profissão. Não por acaso, as duas têm a mesma raiz. Nós, mestres, somos profissionais em vários sentidos: por ensinarmos e por nos comprometermos com condutas de trabalho - numa atividade que exige a contínua exposição de convicções. Essa condição também envolve responsabilidades múltiplas, com conhecimentos e procedimentos, especialmente por lidarmos com muitos jovens e crianças e por um tempo longo.
Precisamos nos lembrar disso não para nos sentirmos mais importantes do que já somos, mas para termos consciência de que, no desempenho dessa função social, não dá para ignorar limitações pessoais e problemas, ou seja, nossa condição humana. Outras profissões também dependem fortemente do discernimento e das condições individuais de quem as exerce. Um motorista de ônibus, por exemplo, mais do que um condutor de toneladas de aço sobre rodas, sabe que a curva fechada não combina com noite maldormida e pode custar vidas.
As responsabilidades de educador, ainda mais complexas, são cumpridas em circunstâncias muito especiais, sob permanente exposição a dezenas de olhares daqueles que pretendemos formar. Aliás, os alunos não são passageiros e não nos consideram somente condutores de classes ou especialistas em Ciências ou Arte. Eles nos enxergam também como alguém que está com blusa colorida e sorriso animado, calça amarrotada e olheiras ou tênis novos e expressão impaciente. Da mesma forma, a turma não vê palavra e números surgirem no quadro e se converterem em sons, mas acompanham a mão firme ou trêmula segurando o giz e o tom grave ou agudo da voz que explica.
Essa é uma inevitável contingência do trabalho, diante da qual é preciso se posicionar. Devemos nos proteger - sob a pretensa objetividade da função - ou expor, sem preocupação, nossa fragilidade? A observação de colegas - e é mais fácil avaliar os outros - revela uma variedade de comportamentos. Num extremo, a ostensiva displicência dos que contaminam o convívio profissional com frustrações e raivas. Noutro, a blindagem dos que se escondem sob máscaras inexpressivas, como se em vida de educador não caibam sentimentos. É nesse conjunto de atitudes que cada um pode se situar, perguntando: " E eu, como me comporto?"
No corpo docente de uma escola, há diferentes gêneros, preferências, estilos e situações de vida, mas nem todo comportamento é compatível com a função docente, pois a arte-ciência da profissão exige convívio, com respeito à condição dos outros (e também a própria) e o reconhecimento dos limites nessa recíproca exposição. Os meninos e as meninas que educamos constituem uma enorme diversidade e só percebendo nossa condição ficamos atentos à deles também. Essa compreensão, no entanto, não se sustenta sem uma clara determinação para promover a aprendizagem, com boas exposições e participação dos alunos nas aulas. É isso que assegura o respeito às fragilidades que podemos ter ou mesmo a admiração às nossa especificidades por parte dos jovens interlocutores.
Ao sair para o trabalho, mesmo preocupados com a nova ruga flagrada no espelho ou a prestação vencida, nos investimos da "persona" professoral. Sensivel sim, mas profissional. Esse nosso personagem contracena com os estudantes, com o fluxo de questões que apresentam e com os projetos que possuem e se cruzam com os nossos - nós e ele somos seres incompletos. A compreensão desse fato permite encontrá-los uma relação mediada pelo conhecimento, mas sem o temor de revelar as nossas dúvidas ao considerar a deles.
Autor: Luís Carlos de Menezes - Ele é físico e educador da USP - Universidade de São Paulo - email - pensenisso@abril.com.com.br - Revista Nova Escola junho/julho/2009 - nº223
ARTIGO: O ATO DE ENSINAR E A CONDIÇÃO HUMANA.
A palavra professor vem de "professar", que, além de lecionar, significa "declarar publicamente uma convicção ou um compromisso de conduta", como a de uma profissão. Não por acaso, as duas têm a mesma raiz. Nós, mestres, somos profissionais em vários sentidos: por ensinarmos e por nos comprometermos com condutas de trabalho - numa atividade que exige a contínua exposição de convicções. Essa condição também envolve responsabilidades múltiplas, com conhecimentos e procedimentos, especialmente por lidarmos com muitos jovens e crianças e por um tempo longo.
Precisamos nos lembrar disso não para nos sentirmos mais importantes do que já somos, mas para termos consciência de que, no desempenho dessa função social, não dá para ignorar limitações pessoais e problemas, ou seja, nossa condição humana. Outras profissões também dependem fortemente do discernimento e das condições individuais de quem as exerce. Um motorista de ônibus, por exemplo, mais do que um condutor de toneladas de aço sobre rodas, sabe que a curva fechada não combina com noite maldormida e pode custar vidas.
As responsabilidades de educador, ainda mais complexas, são cumpridas em circunstâncias muito especiais, sob permanente exposição a dezenas de olhares daqueles que pretendemos formar. Aliás, os alunos não são passageiros e não nos consideram somente condutores de classes ou especialistas em Ciências ou Arte. Eles nos enxergam também como alguém que está com blusa colorida e sorriso animado, calça amarrotada e olheiras ou tênis novos e expressão impaciente. Da mesma forma, a turma não vê palavra e números surgirem no quadro e se converterem em sons, mas acompanham a mão firme ou trêmula segurando o giz e o tom grave ou agudo da voz que explica.
Essa é uma inevitável contingência do trabalho, diante da qual é preciso se posicionar. Devemos nos proteger - sob a pretensa objetividade da função - ou expor, sem preocupação, nossa fragilidade? A observação de colegas - e é mais fácil avaliar os outros - revela uma variedade de comportamentos. Num extremo, a ostensiva displicência dos que contaminam o convívio profissional com frustrações e raivas. Noutro, a blindagem dos que se escondem sob máscaras inexpressivas, como se em vida de educador não caibam sentimentos. É nesse conjunto de atitudes que cada um pode se situar, perguntando: " E eu, como me comporto?"
No corpo docente de uma escola, há diferentes gêneros, preferências, estilos e situações de vida, mas nem todo comportamento é compatível com a função docente, pois a arte-ciência da profissão exige convívio, com respeito à condição dos outros (e também a própria) e o reconhecimento dos limites nessa recíproca exposição. Os meninos e as meninas que educamos constituem uma enorme diversidade e só percebendo nossa condição ficamos atentos à deles também. Essa compreensão, no entanto, não se sustenta sem uma clara determinação para promover a aprendizagem, com boas exposições e participação dos alunos nas aulas. É isso que assegura o respeito às fragilidades que podemos ter ou mesmo a admiração às nossa especificidades por parte dos jovens interlocutores.
Ao sair para o trabalho, mesmo preocupados com a nova ruga flagrada no espelho ou a prestação vencida, nos investimos da "persona" professoral. Sensivel sim, mas profissional. Esse nosso personagem contracena com os estudantes, com o fluxo de questões que apresentam e com os projetos que possuem e se cruzam com os nossos - nós e ele somos seres incompletos. A compreensão desse fato permite encontrá-los uma relação mediada pelo conhecimento, mas sem o temor de revelar as nossas dúvidas ao considerar a deles.
Autor: Luís Carlos de Menezes - Ele é físico e educador da USP - Universidade de São Paulo - email - pensenisso@abril.com.com.br - Revista Nova Escola junho/julho/2009 - nº223
Quando li rapidamente este texto na escola, resolvi levar a revista para casa ara ler com mais calma, pois o texto de uma certa forma mexeu comigo.
O texto mostra os educadores como profissionais diante de muitas responsabilidades, pois trabalhamos com a formação do indivíduo, além disso estamos expostos aos olhos dos nossos formandos. É sério... e também somos humanos com defeitos, frustrações, e com limitações, como todos os outros profissionais das outras áreas.
E então fica a pergunta, como nos comportar? Nos mostrarmos como somos, cheios de fragilidades, como eles, nossos alunos? Ou usarmos uma capa de Mulher Maravilha (ou Super Homem), e tentar mostrar que não temos problemas, defeitos e que sabemos tudo?
Devemos refletir sobre esta questão, estamos vivendo em um mundo de aparência, onde as pessoas querem mostrar que têm, que podem, que são. Será que nós educadores que somos, não devemos ser mais transparentes e nos mostrarmos de verdade, que não sabemos tudo, que podemos aprender com eles, que somos inseguros diante os obstáculos, que sentimos frio na barriga no 1º dia de aula também (pelo menos eu sinto).
Nós professores da séries iniciais devemos conversar com os nossos alunos sobre como nos sentíamos em relação à escola quando éramos criança como eles, e nós também devemos nos lembrar disto (às vezes eu me esqueço), pois em alguns momentos exigimos comportamentos deles que não são possíveis naquele momento. Bem... espero que tenham gostado do artigo.
Meu template não tem caixa de comentário, mas se quiser deixar um recado pra mim eu ficaria muito feliz de compartilhar ideias com você, acho que estou precisando, me mande um email - brincandocomcores@hotmail.com Tchau.............Beijos, Zélia.
O texto mostra os educadores como profissionais diante de muitas responsabilidades, pois trabalhamos com a formação do indivíduo, além disso estamos expostos aos olhos dos nossos formandos. É sério... e também somos humanos com defeitos, frustrações, e com limitações, como todos os outros profissionais das outras áreas.
E então fica a pergunta, como nos comportar? Nos mostrarmos como somos, cheios de fragilidades, como eles, nossos alunos? Ou usarmos uma capa de Mulher Maravilha (ou Super Homem), e tentar mostrar que não temos problemas, defeitos e que sabemos tudo?
Devemos refletir sobre esta questão, estamos vivendo em um mundo de aparência, onde as pessoas querem mostrar que têm, que podem, que são. Será que nós educadores que somos, não devemos ser mais transparentes e nos mostrarmos de verdade, que não sabemos tudo, que podemos aprender com eles, que somos inseguros diante os obstáculos, que sentimos frio na barriga no 1º dia de aula também (pelo menos eu sinto).
Nós professores da séries iniciais devemos conversar com os nossos alunos sobre como nos sentíamos em relação à escola quando éramos criança como eles, e nós também devemos nos lembrar disto (às vezes eu me esqueço), pois em alguns momentos exigimos comportamentos deles que não são possíveis naquele momento. Bem... espero que tenham gostado do artigo.
Meu template não tem caixa de comentário, mas se quiser deixar um recado pra mim eu ficaria muito feliz de compartilhar ideias com você, acho que estou precisando, me mande um email - brincandocomcores@hotmail.com Tchau.............Beijos, Zélia.
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